Thursday, October 2, 2008

Carta de um jovem suicida

Hoje me deparei com a inevitável teleologia humana. Um gosto amargo de sofrimento subiu-me à boca. A inexorável sina de sofrer infinitamente em vida para encontrar-se com a dor física, a queda de toda auto-estima, de todo o desejo nato de sobrevivência, apenas a ânsia pelo descanso eterno das coisas dolorosas e cruciantes que me aguardam adiante.

Imaginar-me em formas físicas tão depreciativas, me instigou a lutar contra o monstro da tristeza que insiste em me afligir e ao mesmo tempo me desistimulou a crescer e prosseguir nessa jornada fatídica que me foi imposta a contra gosto. Pois quanto mais fujo da tristeza presente, mais me aproximo deste futuro cruel que há de me devorar aos poucos.

Devo, pois, privar desde já esta zombeteira carníficina de seu prazer mordaz. Minha alma cai em prantos quando penso em tamanho calvário e no definhamento pelo qual passarão minha carne e espírito.

Imolarei, então, minha juventude e jamais precisarei tornar a ver ou viver esta perseguição vil, descansando do martírio de ser rato nesta brincadeira de gato crudelíssimo.