Certa vez eu me deparei com uma cena tão deprimente num lugar em Campina Grande. Fiquei perplexo. Nunca tinha visto de perto um ser humano numa situação daquelas: diabético, usando fraldas, um odor insuportável de urina e as duas pernas amputadas.
Quando ia voltando para casa nesse mesmo dia, no mesmo beco em que morava o senhor diabético, numa pilha de lixo um gato trucidava lentamente um rato ainda vivo a se debater. Comecei a pensar no senhor adoentado, incapacitado, sem muitas forças para lutar contra sua sina apesar de exibir um sorriso apático e uma simpatia cativantes, buscava visivelmente disfarçar sua apatia. Estava rendido e só aguardava pelo fim.
Nessa ocasião escrevi o texto que segue abaixo no meu antigo blog:
O RATOQuando ia voltando para casa nesse mesmo dia, no mesmo beco em que morava o senhor diabético, numa pilha de lixo um gato trucidava lentamente um rato ainda vivo a se debater. Comecei a pensar no senhor adoentado, incapacitado, sem muitas forças para lutar contra sua sina apesar de exibir um sorriso apático e uma simpatia cativantes, buscava visivelmente disfarçar sua apatia. Estava rendido e só aguardava pelo fim.
Nessa ocasião escrevi o texto que segue abaixo no meu antigo blog:
Desesperado, ele olha para todos os obstáculos na imensidão de seu universo em busca de saídas estrategicamente abertas por ele em outros tempos. Julga conhecer todos os recantos e esconderijos que o cercam.
Mas onde estão seus locais de fuga mirabolantemente projetados? Onde foi parar sua sabedoria? Onde está o heroísmo intrépido que lhe era tão peculiar? Suas estripulias tão bem treinadas para encarar este fatídico dia em que seu inimigo o olha de frente feroz... viril... faminto... que recursos teria pra enfrentar tal criatura? Parecia agora tão pequeno e impotente. Não passa de um minúsculo ser infame com pretensões de grande dono de seu universo e conhecedor de todas as coisas. Não podia ludibriar aquela criatura nem domar aquela fúria devastadora.
Tenta em vão camuflar-se, esconder-se. Ele corre. Mal sabe que é uma mera peça no jogo cruel de seu inimigo brincalhão.
E quando por fim subjugado, torce pelo seu fim rápido e indolor mas nem nisso é atendido. É saboreado lentamente e vivo em um banquete macabro que precede a mordida fatal finalizando sua existência mesquinha e medíocre.
Embora tão precioso manjar não consiga, nem de perto, saciar a fome por carne e diversão desta fera mordaz.
Bruno "RuffyMaru" Palmeira - 26/08/2006
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